A FUNDAÇÃO DO SEGUNDO GRUPO
"!A presença nas ruas de Lisboa dos rapazes do Primeiro Grupo e depois a valiosa e brilhante campanha de propaganda do "Scouting" promovida pelo (jornal) "O Século" criaram um ambiente propício à fundação de novas unidades. Entretanto, chegara já a Lisboa o tenente Álvaro de Melo Machado, que em Macau conhecera o "Scouting" e, segundo as suas palavras, se entusiasmara pelo Escotismo por considerar que se tratava de "um admiravel processo de educação da juventude" e se convencera de que, "através dele, seria possível modificar a mentalidade da gente portuguesa se pudesse conseguir que muitos milhares de rapazes se filiassem nos grupos que viessem a organizar-se".
Diz o Comandante Melo Machado que foi convidado a dirigir a instrução do Grupo nº 2, logo que chegou a Lisboa, vindo do Oriente.
Não sabemos, porém, quem teria tido a iniciativa de fundar o Grupo e formulado o convite. Tudo quanto conseguimos apurar, por declarações do Escoteiro-Chefe Abílio dos Santos, que veio a substituir Melo Machado quando este partiu de novo para Moçambique (onde iria criar novo Grupo, o nº 10), e também de António Francisco Xavier de Brito, Guia da Patrulha Cão, ambos escoteiros da primeira hora no Segundo Grupo, que, numa noite de outubro de 1912, a Sociedade de Instrução Militar nº2, com sede na Travessa do Guarda-mor, no velho Bairro da Esperança, abriu as suas portas á rapaziada, que encheu completamente uma das suas salas, entusiasmada com a ideia de poder praticar a vida saudável e cheia de aventura dos "Boy Scouts".
Quem estava ali para receber, sobretudo seleccionar, os rapazes e fazer a sua inscrição era exactamente o jovem oficial de marinha que regressara de Macau. Parece que havia também a colaboração dos irmãos Simões, grandes nadadores da época, que seríam instrutores.
E Melo Machado, nessa mesma noite, formou as Patrulhas da Gato, temos a constituição completa:
Abílio dos Santos, Guia; Nuno de Zea Bermudes, Sub-guia; Américo Salvador da Costa, José de Menezes, Manuel de Sousa Duarte Borrego e Mário Florindo. Abílio dos Santos foi funcionário superior dos Correios de Moçambique, vinha frequentemente a Lisboa, mas a partir de certa altura deixámos de ter notícias suas. Interessante a vida de Abílio dos Santos. Tendo aprendido transmissões Morse nos Escoteiros, quando, na 1ª grande guerra, foram apresados barcos alemães surtos no Tejo, tornou-se necessário admitir telegrafistas, e Abílio dos Santos ofereceu-se para o desempenho dessa função. Foi aceite e acabou por fazer carreira nos correios e telegrafos de Moçambique, onde chegou a ocupar o cargo de Director do telegrafo. Manuel Borrego foi oficial do exército e manteve o seu interesse pelo Escotismo através da sua vida.
As outras Patrulhas foram a Pato, a Cão e a Águia. Xavier de Brito foi o Guia da Cão, e temos o prazer de ter este bom amigo (Eduardo Ribeiro) como companheiro dedicado. Pertenceu ao Conselho Nacional da Fraternal e está sempre presente nas actividades Escoteiras mais importantes.
Nesta altura, já o Buttuller e o Guerra, conhecidas casas de artigos de uniformes e distintivos, vendiam os conhecidos chapéus escoteiros, bém como insígnias e distintívos. As varas eram adquirídas na Rua do Arsenal, numa cas que aínda hoje existe.
Em 30 de Agosto de 1912, "O Século" anunciava que o Grupo de "Scouts", com sede na Sociedade de Instrução Militar Preparatória nº2, ía organizar um curso de inglês. No dia 11 de Outubro seguinte, o mesmo diário informava que estava aberta a inscrição para o referido curso.
Em 3 de Novembro de 1912, o Segundo Grupo, fez a sua primeira apresentação, num exercício realizado no Campo Grande e, a partir daí, as actividades sucederam-se, até que chegou o momento da sua inauguração oficial. Esta realizou-se no dia de Natal, no Coliseu de Lisboa, (na Rua da Palma, no local onde está hoje uma garágem), a abarrotar de público, aproveitando uma festa promovida pela Loja Massónica Madrugada. O dia começou com alvorada por um terno de corneteiros e saudação á bandeira pelos Scouts do Segundo Grupo. Durante a festa de Natal no Coliseu, os Escoteiros fizeram exibições, prestaram Compromisso de Honra e foram distribuídos bolos e brindes ás crianças presentes.
O Grupo nº2, que continua a manter boa actividade tem uma história brilhante, marca a data do seu aniversário em 1 de Dezembro, dia da restauração."
Eduardo Ribeiro, in "história dos Escoteiros de Portugal", 1982
Comentários
mt fixe o texto...
Melhor grupo era impossivel, e melhor q o grupo so mesmo os escoteiros q o constituem...
;)